Sexta-feira, 29 de Maio de 2009

 

 

Por um conjunto de circunstâncias que não interessa aqui aprofundar, ultimamente tenho dado por mim a fazer compras no supermercado e na loja gourmet El Corte Ingles. (Nenhuma dessas circunstâncias passa por a) ter ganho o Euromilhões ou b) ter recebido dinheiro de subornos em off-shores.) Seja como for, uma vida inteira a caminhar para o MiniPreço ou para o Lidl, não nos prepara para frequentar sítios daqueles. É verdade que gosto de conhecer sítios novos e bem frequentados mas sinto-me deslocado. O espaço é fantástico, óptima música, bom ambiente e gente gira. Vê-se que quem ali vai é o género de pessoas que se veste bem para ir comprar rúcula e courgets.

Mas é por demais evidente que eu não pertenço aos habitués da casa. Ainda no outro dia, o segurança que estava à entrada da loja olhou para mim de alto a baixo. Até fiquei com medo que ele não me deixasse entrar. Estava mesmo à espera que se virasse para mim e me dissesse, "Desculpe, o consumo mínimo obrigatório são 150 euros". Mas vá lá. Foi uma sorte naquele dia ter calçado os sapatos vela que já têm mais de 10 anos.


Depois, lá dentro, há o dilema de encontrar produtos compatíveis com os meus rendimentos. reparem, nada na loja gourmet custa os olhos da cara. É pior, custa o ordenado do mês. Por ali não há marcas brancas ou genéricos. É tudo genuinamente bom (leia-se caro com'ó raio). Fico sempre com dúvidas se hei-de levar, por exemplo, um molho de mostarda de Katmandu ou poupar o dinheiro para comprar uma bicicleta. Tudo bem que os bifes não ficam tão bons mas sempre poderei dar belos passeios pela mata ao domingo de manhã.


Outro dos grandes problemas com que me deparo no El Corte Ingles são empregadas de caixa que sorriem. Onde é que já se viu uma coisa assim? Fico constrangido com pessoas que conseguem ser simpáticas e estar à frente de uma caixa registadora ao mesmo tempo. Como gajo classe média que sou, habituado a pessoas que parecem fazer-nos um grande favor por pegarem em mercearia (alheia), desconfio logo que se estejam a rir de mim por  fazer compras num sítio onde um pacote de esparguete custa o mesmo que o valor do PIB num pequeno país africano.


Em qualquer outro supermercado, quando nos perguntam “Quer algum saco?” o que elas querem realmente perguntar é “Está preparado para pagar do seu bolso um misero saco de plástico com asas, seu pobretanas?”. Ora, no Super Cor, não há essa atitude. Muito pelo contrário. Se eu comprar,um cacho de uvas são bem capazes de me oferecer um saco para cada bago.

 

 

 

 



publicado por Gervásio às 17:28 | link do post

De Francisco Janes a 30 de Maio de 2009 às 14:00
No 1º dia em que mudei de casa decidi fazer as compras essenciais no Hiper do Corte Inglês, o que é deveras estranho porque quem lá vai comprar o essencial pode contar com tudo menos chegar a casa, abrir os sacos e perceber como é que gastou tanto, em tão pouco.

Nunca mais! Mas o que nos move no El Corte é de facto a procura deste ou daquele artigo desconhecido, quase uma aventura em busca de um sabor desconhecido, embalado em pacote estilizado. Quando se descobre isso o preço torna-se um acessório: o estômago já disse à cabeça que aquilo é para devorar junto com umas batatas fritas, ketchup e coca cola. Nada feito.

O pior é que quando estamos de barriga cheia ir às compras é uma seca!


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