A imagem da nossa classe política vai de mal a pior, já era tempo de aparecer um programa de televisão para descobrir novos talentos da política. Os Ídolos... Políticos! Apresentado pela Serenella Andrade e o Mendes Bota. Tinha tudo para ser um sucesso de audiências. Parece que até estou a ver um mega casting nacional para encontrar as novas vozes da democracia.
Júri 1: Como é que te chamas?
Ídolo: Jorge.
Júri 2: Só Jorge? Conheces algum político que só tenha um nome?
Ídolo: Não...
Júri 3: Vens para aqui dar música ao pessoal, Jorge? Pensas que és a Madonna ou o Prince?
Ídolo: Não. Desculpem, é que eu estou muito nervoso. O meu nome é Jorge Ferreira Morais e Silva.
Júri 1: É pá, tinhas só um nome e agora pimba espetas-nos com três apelidos, ainda com direito a um “e” pelo meio, hem? És o maior ó Jorge, se calhar voto já em ti.
Júri 2: E o que é que nos vais mostrar, Jorge Ferreira Morais e Silva?
Ídolo: Estava a pensar fazer a declaração do Sua Excelência o Presidente da República em 29 de Setembro de 2009.
Júri 3: Então Força.
Ídolo: Boa noite. Durante a campanha eleitoral foram produzidas dezenas de declarações e notícias sobre escutas, ligando-as ao nome do Presidente da República e, no entanto, não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante. E tudo isto sendo sabido que a Presidência da República é um órgão unipessoal e que só o Presidente da República fala em nome dele ou então os seus chefes da Casa Civil ou da Casa Militar.
Júri 3: Pára, pára, pára. Não sabes nada em português?
Ídolo: Posso tentar o discurso de vitória de José Sócrates nas últimas Legislativas.
Júri 2: É pá, esse já ouvimos hoje algumas 50 vezes. Não tens outro reportório?
Júri 1: Achei-te muito mortiço, pá. Sabes fazer alguma coisa mais empolgante, com mais ritmo, mais mexida?
Ídolo: Posso tentar um comício do Alberto João Jardim.
Júri 2: E se for o João jardim no Carnaval?
Ídolo: Não vinha preparado pra isso. Se eu soubesse tinha trazido as serpentinas e o apito.
Júri 3: Então gostava de ver outro registo. Discursos de derrota, sabes algum? Sabes aquele do pântano do Guterres?
Ídolo: Não, só sei o da Dra. Manuela Ferreira Leite nas Autárquicas. Não sei se é se bem de derrota ou bem de vitória.
Júri 1: Olhem-me agora este, parece o primo do Tino de Rans a falar ao país e quer fazer a Ferreira Leite. És primo do Tino de Rans, Jorge?
Ídolo: Não. Sou sobrinho em terceiro grau do Isaltino Morais.
Júri 2: Ui, não me digas que és taxista.
Júri: Não, sou serralheiro metalomecânico mas o meu sonho desde pequeno sempre foi entrar para a política. Prontos, acho que nasci pra isto.
Júri 1: Ó Jorge e vens para aqui sem gravata. Que ideia foi essa pá, és do Bloco?
Ídolo: Não, pensei que se viesse assim seria mais fashion.
Júri 2: Mais fashion? Essa é boa. Se queres ser um político mais fashion ganhas eleições e depois arranjas uma primeira-dama como a do Sarkozy. Estamos entendidos?
Ídolo: Sim. Gostava de tentar o Paulo Portas numa feira. Prometo que vou dar o meu melhor.
Júri 3: Ai agora é que te lembraste das promessas? Agora já vais tarde.
Ídolo: Vá lá, posso fazer só uma intervenção pequenina pequenina do Dr. Francisco Sá Carneiro?
Júri 1: É pá, não. Não dás pra isto.
Júri 2: Tás no concurso errado, pá. Dedica-te à música pode ser que tenhas mais jeito.
Júri 3: A boa notícia é que por mim também tás chumbado, podes ir embora. A má notícia é que se fores como o Santana Lopes, esta não será a última vez que vamos ouvir falar de ti.
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